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O papel dos Campi na dimensão do desenvolvimento regional

Apresentação

Todas as sociedades que alcançaram níveis elevados de democracia e desenvolvimento humano interiorizaram seu sistema universitário. Assim, a expansão recente dos campi fora das sedes das universidades públicas, especialmente a partir da década de 2000, é uma conquista da sociedade brasileira.

As unidades universitárias descentralizadas, hoje presentes em todo território nacional, voltam-se principalmente para o atendimento das vocações regionais específicas dos municípios e microrregiões em que estão localizadas.

Campus Jandaia do Sul - Foto: Marcos Solivan

Os campi avançados expressam, portanto, um compromisso institucional com o aprimoramento da democracia, a ampliação do acesso à educação superior e o desenvolvimento sustentável – com suas dimensões ambiental, social e econômica, especialmente em regiões marcadas por fortes desigualdades sociais e carências históricas de serviços públicos de qualidade.

A descentralização coloca um desafio inédito às universidades públicas brasileiras, na medida em que elas passam a desempenhar um papel central na construção contínua de políticas públicas em nível local, por meio de ações articuladas e ensino, pesquisa e extensão. A necessidade de fixar parte dos estudantes e egressos em suas próprias regiões perpassa este desafio.

Centro de Estudos do Mar - Foto: Marcos Solivan

O diálogo permanente com a realidade e os atores sociais é pressuposto desse processo. Ele inclui o diagnóstico cuidadoso das vocações e questões regionais, com o qual se articula a oferta de cursos de graduação e pós-graduação com quadros docente e técnico qualificados e compatíveis.

Setor Palotina - Foto: Marcos Solivan

A UFPR não poderia ficar alheia a este processo e, nela, a expansão e a interiorização fazem-se presentes de forma intensa, consolidando-se nos campi descentralizados (aqui denominados campi avançados) de Jandaia do Sul, Palotina, Toledo, o Pólo EaD Terra Roxa, além de dois na região litorânea do Paraná, em Matinhos e Pontal do Paraná.

O sucesso dos Campi Avançados e os desafios para sua sustentabilidade

Os campi descentralizados de nossa universidade vêm apresentando resultados muito expressivos, apesar de terem sido criados em diferentes momentos. Para além da rápida e robusta melhora nos indicadores educacionais, conforme se sucedem as gerações de profissionais formados, cresce o registro de novas empresas e empreendimentos e são ofertados serviços antes inexistentes nos contextos regionais.

Em um ciclo virtuoso, os egressos dessas unidades, em sua grande maioria oriundos da mesma região vinculada à área de abrangência e atuação de cada campus, buscam a formação continuada e a pós-graduação, além do desenvolvimento de projetos e parcerias com a universidade – produzindo uma importante integração entre o mundo do trabalho e os processos de ensino, pesquisa e extensão.

Setor Litoral - Foto: Marcos Solivan

Nesse contexto, a universidade – antes distante e praticamente circunscrita à região da capital – é cada vez mais reconhecida como uma das principais indutoras de processos de dinamização da economia e da sociedade local.

A melhoria dos indicadores econômicos e de qualidade de vida dos municípios-sede desses campi, inclusive acima da média regional, é um resultado palpável da interiorização da UFPR, já medido por pesquisadores da própria universidade.

Apesar de todo o avanço que representam, os campi avançados, tanto da UFPR quanto de outras instituições, têm sido os mais diretamente afetados pela escassez de recursos para custeio e investimento nos últimos anos. Especialmente se considerarmos que eles são, em sua quase totalidade, unidades novas que sequer terminaram a implantação de sua estrutura física e de pessoal básica, a qual, é indispensável assinalar, foi pactuada com o Governo Federal. O cenário torna-se especialmente preocupante com as limitações impostas ao investimento público em educação pelas imposições da Emenda Constitucional 95 e o profundo agravamento da crise econômica brasileira.

Campus Toledo - Foto: #ufprtoledo - projetocrm - Léo Garcia - Medicina UFPR

As tentativas recentes de propostas para a universidade brasileira (como Future-se e assemelhadas), por si só insuficientes, sendo ainda menos adequadas para a manutenção e ampliação dessas unidades. A razão encontra-se nas baixas expectativas de investimento de natureza privada, em projetos educacionais, que resultem em sustentabilidade de longo prazo, como é o caso das expansões.

A integração dos Campi como resposta aos desafios

O primeiro desafio é, portanto, buscar garantias de investimento público contínuo em todos os campi, especialmente naqueles resultantes do processo de descentralização. É uma luta encampada pela administração da UFPR, que, contudo, vai além, tomando a iniciativa de formular, implantar e articular respostas políticas e gerenciais para toda a universidade.

Foto: Marcos Solivan

Campus Jandaia do Sul

Foto: Marcos Solivan

Centro de Estudos do Mar

A Diretoria de Desenvolvimento e Integração dos Campi – Integra UFPR é um dos resultados do esforço de buscar solução para os problemas e as demandas das unidades da UFPR espalhadas por todo o Paraná. Embora cada campus tenha uma histórica única e realidades específicas, a Integra UFPR é o reconhecimento dos elementos que os unem, ou seja, as dificuldades, os desafios e os potenciais compartilhados por todos os campi localizados fora de Curitiba.

Desde a sua criação a Integra UFPR tem mostrado sua força, especialmente ao propiciar maior agilidade de comunicação entre os campi e as várias unidades da administração da UFPR e também dos campi entre si. Como resultado, atualmente as demandas são mais rapidamente recepcionadas, o que possibilita um melhor diagnóstico da situação das unidades e a construção de uma visão estratégica e unificada, respeitando-se as referidas especificidades.